V EBPC: Bob Chapman chama ativistas à ação

Diretor da American Cancer Society fala sobre estratégias de advocacy para Ongs

Bob Chapman, diretor da American Cancer Society, chamou os participantes do V EBPC à ação, como ativistas da luta contra o câncer. Bob deixou uma provocação aos participantes do evento: “vocês querem só assistir palestras, ou iniciar um movimento? Pensem nisso, vidas dependem dessa decisão”.

Bob lembrou que a American Cancer Society (ACS) foi fundada há 102 anos, por mulheres, com o objetivo de ajudar as pessoas com a doença a morrerem com dignidade. Não havia muito o que fazer. Com o avanço da medicina, o foco da atenção oncológica mudou. Ao elogiar o trabalho da AMUCC, afirmou: “por causa de todos vocês, os brasileiros terão menos câncer, e vão comemorar mais aniversários. É isso que queremos, menos câncer e mais aniversários”.

Bob destacou que o Brasil tem uma das leis antitabaco mais progressistas do mundo, porém, que ainda precisamos de novas conquistas em políticas públicas. Falou sobre as estratégias de advocacy da ACS frente aos poderes Executivo e Legislativo, e como essas experiências podem ser aplicadas pelas sociedade civil organizada no Brasil. “A vitória final sobre o câncer depende tanto as políticas públicas, quanto da ciência e da medicina”, afirmou.

Bob deixou outra boa notícia, o lançamento de duas importantes publicações da ACM, “The Cancer Atlas” e “The Tobaco Atlas” serão lançados em Língua Portuguesa a partir de 2016. Os atlas mostrarão todas as informações que a ciência descobriu até hoje sobre ambos os assuntos.

Como mensagem aos participantes, deixou os 10 mandamentos de advocacy social:

1. Mantenha o foco: “Se você desistir muito rápido, ou ficar mudando de posição, sua marca vai perder credibilidade”.

2. Crie uma rede nacional de voluntários e defensores apaixonados pelo controle do câncer e pela melhoria da saúde pública: “inclua sobreviventes e vitoriosos nesta rede. Você não vai precisar se preocupar com a paixão de vitoriosos”.

3. Mantenha todos bem informados: “recrutar voluntários e defensores por essa causa e não mantê-los informados é como oferecer um jantar e não servir comida. Os voluntários irão pra outras causas, por não serem ‘alimentados’ com informações”.

4. Construa sonhos que façam sentido: “muitos grupos repetindo uma mesma mensagem resistente é algo muito poderoso. Juntos, somos mais poderosos do que o câncer. Mas seja esperto. Todos os sonhos exigem muito trabalho. É natural que existam divergências. Se todos numa reunião estão concordando com algo, alguém não está pensando. Mas também não deixe a discordância atrapalhar o seu projeto. Concorde em discordar”.

5. Procure trabalhar com o governo, não contra ele: “sua relação com o governo não necessita ser conflituosa. Deve se buscar uma relação de complementaridade. Uma relação baseada na confiança e respeito mútuo. Mas, às vezes, fazer com que funcionários do governo sejam responsáveis e honestos pode exigir algum confronto. Como último recurso, se você for discordar publicamente de um funcionário público, faça de forma cuidadosa e inteligente”.

6. Seja parte da solução, não apenas do problema: “quando pedir para funcionários do governo apoiar sua causa, diga a eles o que você está fazendo, diga ‘é assim que minha organização pode ajudar'”.

7. Não seja partidário, nem dê a impressão de apoiar partidos políticos: “o câncer é uma questão de política pública”.

8. Proteja sua credibilidade e sua marca: “uma organização pode ter uma marca que leva dez anos para ser respeitada, mas pode ser perdida em um dia”.

9. Comemore suas vitórias, até as pequenas vitórias: “comemore com seus voluntários. Deve-se celebrar cada vitória desse processo”.

10. Conselho para construção uma estratégia de advocacy para vencer a guerra contra o câncer, é uma frase do primeiro ministro do Reino Unido, Winston Churchill, proferida durante a segunda guerra mundial: “Nunca desista! Nunca desista! Nunca desista!”.