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Vacina contra HPV pode erradicar câncer de colo do útero

Vacina contra HPV pode erradicar câncer de colo do útero

Estudos mostram que se a vacinação contra o HPV for bem sucedida, este tipo de tumor pode desaparecer em algumas décadas nos países desenvolvidos

Células pré-cancerosas caíram 51% em meninas de 15 a 19 anos e 31% em mulheres de 20 a 24 anos em países com alta cobertura vacinal. (BSIP/Getty Images)

Células pré-cancerosas caíram 51% em meninas de 15 a 19 anos e 31% em mulheres de 20 a 24 anos em países com alta cobertura vacinal. (BSIP/Getty Images)

vacinação contra o HPV pode ser capaz de erradicar o câncer de colo do útero. É o que mostra um estudo financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado recentemente na revista científica The Lancet. Dez anos após o início da vacinação como medida de saúde pública em países desenvolvidos, houve uma queda significativa no número de infecções por HPV e de lesões pré-cancerosas no colo do útero. Segundo os pesquisadores, isso indica que a eliminação do câncer cervical – definida como menos de 4 casos por 100.000 – pode ser possível se uma cobertura vacinal suficientemente alta puder ser atingida e mantida.

“Nosso trabalho sugere que em países desenvolvidos com alta cobertura vacinal e onde várias faixas etárias de meninas (por exemplo, 9-18 anos) foram vacinadas no início do programa, o câncer de colo do útero pode ser eliminado nas próximas décadas.”, disse a epidemiologista e principal autora do estudo Mélanie Drolet, da Universidade Laval, no Canadá.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade Laval, no Canadá, revisaram 65 estudos, com dados provenientes de 14 países que iniciaram a vacinação contra o HPV há cerca de uma década, totalizando 60 milhões de pessoas. As informações analisadas foram: taxa de HPV, número de casos de verrugas genitais e células pré-cancerosas no colo do útero antes do início da vacinação e até oito anos depois do início da disponibilização da vacina como medida de saúde pública.

Os resultados mostraram que:

  • Os casos de HPV 16 e 18 – responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero – diminuíram 83% em meninas com idade entre 15 e 19 anos e 66% em mulheres de 20 a 24 anos;
  • As verrugas genitais caíram 67% em meninas de 15 a 19 anos e 54% em mulheres de 20 a 24 anos;
  • Células pré-cancerosas caíram 51% em meninas de 15 a 19 anos e 31% em mulheres de 20 a 24 anos.
  • Até pessoas que não se vacinaram foram beneficiadas: os casos de verrugas genitais em meninos de 15 a 19 anos caíram quase 50%. Também houve queda significativa desse problema em mulheres com mais de 30 anos.

Vale ressaltar que a queda foi maior em países em que um grupo maior de pessoas foi vacinado e onde a cobertura vacinal era mais alta.

Recentemente, um painel da FDA, agência americana que regula medicamentos, recomendou que a vacina, cuja aplicação está concentrada em pessoas jovens que ainda não iniciaram a vida sexual, pode beneficiar homens e mulheres de 27 a 45 anos, que não foram vacinados adequadamente. Neste caso, a imunização deve ser feita mediante decisão clínica compartilhada.

Vacinação no Brasil

No Brasil, o imunizante está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014. Atualmente, a vacina contra o HPV é indicada para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14. Também fazem parte do público-alvo pessoas vivendo com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos com idade entre 9 e 26 anos. O esquema vacinal é de duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.

cobertura vacinal atual está bem abaixo dos 80% recomendados. Apenas 51,4% das meninas de 9 a 15 anos e 22,4% dos meninos de 11 a 14 anos completaram o esquema vacina com a segunda dose. O Ministério da Saúde reforça que a cobertura vacinal só está completa com as duas doses. Mais de 9,2 milhões de adolescentes ainda precisam ser vacinados com a 1º e a 2º dose em todo o país.

Os números permanecem baixos desde as primeiras campanhas de vacinação contra o HPV. A baixa adesão pode ser explicados por um conjunto de fatores: insuficiência de informação adequada sobre a eficácia e segurança da vacina para os pais e adolescentes, associação do HPV ao início da vida sexual e supostos efeitos adversos relatados por meninas no início da campanha de vacinação em 2015.

O público-alvo, composto por adolescentes, também dificulta a vacinação. Em entrevista anterior à VEJA, o pediatra Ricardo Becker Feijó, chefe da Unidade de Adolescentes do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA-RS), explicou que “os adolescentes em geral têm muitos temores sobre procedimentos invasivos e dolorosos e tendem a achar que estão imunes a doenças e situações de risco. Isso faz com que seja mais difícil convencê-los da necessidade de tomar uma vacina, que é uma medida preventiva contra alguma doença que eles podem adquirir no futuro”.

HPV

O papilomavírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum, e tem mais de 40 subtipos, alguns dos quais podem causar câncer cervical e verrugas genitais. Pelo menos 50% dos homens e mulheres sexualmente ativos contrairão HPV em algum momento de suas vidas. Além do câncer do colo do útero, mais de 90% dos casos de câncer anal e 63% dos cânceres de pênis são atribuíveis à infecção pelo HPV, principalmente pelo subtipo 16.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer cervical é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal) e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Em 2018, foram  16.370 novos casos da doença.

Na maioria das pessoas, a infecção pelo HPV é assintomática. Em alguns casos, o vírus pode ficar anos sem manifestar qualquer sinal, até que a diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções em mulheres é curada espontaneamente, pelo próprio organismo.

Nos casos sintomáticos, as lesões incluem verrugas na região genital e no ânus, lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu)  na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis,  bolsa escrotal e região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.

O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão. Já o tratamento pode ser feito por substâncias químicas, estimuladores da imunidade ou cirurgia. As principais formas de prevenção são pela vacina, o exame preventivo (papanicolau) periódico e o uso de preservativo nas relações sexuais.

Nas mulheres, a vacina contribui para redução da incidência do câncer de colo de útero, vulva e ânus. A imunização também previne verrugas genitais, boca e orofaringe, em mulheres e homens. Nos meninos, previne contra os câncer de pênis, garganta e de ânus e outras doenças diretamente relacionadas ao vírus.

A vacina oferecida pelo SUS é a quadrivalente, que protege contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18) responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo mundo e por 90% das verrugas anogenitais.

Fonte:  veja.abril.com.br
Notícia publicada em: 09/07/2019
Autor:  Giulia Vidale

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